sexta-feira, 4 de março de 2011

A Voz do Morro

 
Do morro emerge a voz suplicante
Um pedido, para a alma um abrigo
De quem não quer ser da arma, amante
De quem sequer desconhece o que não é iminente perigo

Do morro surge a sombra do Medo
E em passos vacilantes tenta da dor a fuga
Esconde no peito arfante, horrendo degredo
Sufocante, como quem o verbo temer conjuga

A angústia de quem nasce e morre no meio
De armas de escalpos, facas do silêncio e balas de sangue
Toca cada mãe que leva criança em morno seio
Sem saber de seu futuro: morte e vida em pálido exangue

Dia após dia, corpo após corpo tombado
Caindo como folhas de outono da árvore-favela
Sente-se o hálito negro da Morte que paira ao lado
E acende-se como lugar-comum a parca, breve vela
Lembrando a sina dos que não mais sentem, sofrem, calam

A chama, trêmula, reflete o olhar do pai que agoniza
Da mãe que lembra do filho o claro e caro sorriso
E sibila, vacilante, perante a crua marca da Sombra que visa
Tomar para si mais vítimas, sem qualquer lema ou aviso

Mas a chama da vela percebe, não teme e  brilha mais forte
Tal qual a Luz que nos protege, a mais fugidia esperança,
De que recaia sobre o morro qualquer olhar de bonança
E absolva, enfim, os inocentes da diária chacina
Que há em cada viela, em cada porta, em cada esquina.


 Minha contribuição para a Fábrica de Letras, cujo tema este mês foi Violência.


5 comentários:

  1. Mesmo no carnaval, a cidade pede paz...

    Fique com Deus, menina Ana Cristina Cattete.
    Um abraço.

    ResponderExcluir
  2. Uma maneira tão poética e comovente de descrever uma realidade tão dura... É quase uma Ode! Muito bem! =)

    ResponderExcluir
  3. Gostei muito do poema. Parabéns! Beijinhos.

    ResponderExcluir
  4. Uma otima participação...
    A vida é tão bela. Não sei porque a violência faz parte da vida de algumas pessoas..
    O amor é tão especial e Puro..
    A Violência vem acompanhando o Mundo desde o seu principio. É uma pena que ainda existe, das mais diversas formas. Tudo é muito triste. O que nos resta é levantar a bandeira da Paz.. Proclamar por ela.
    A interação de amigos tbém entrou nesta..
    http://sandrarandrade7.blogspot.com/2011/03/coletiva-tema-violencia.html
    Não podemos permitir o seu alastramento. Temos sim é que ajudar a combater e cortar as raízes.
    Carinhosamente venho compartilhar contigo este texto.
    Precisamos sim nos unir em pensamento e passar todas as energias positivas e combatê-lo..
    Falar da vida é muito melhor..Do amor ainda Mais. A Paz então nem se fala..
    Sandra

    ResponderExcluir

Deixe suas palavras aqui... (mas por favor, sem ctrl c ctrl v :D)

sexta-feira, 4 de março de 2011

A Voz do Morro

 
Do morro emerge a voz suplicante
Um pedido, para a alma um abrigo
De quem não quer ser da arma, amante
De quem sequer desconhece o que não é iminente perigo

Do morro surge a sombra do Medo
E em passos vacilantes tenta da dor a fuga
Esconde no peito arfante, horrendo degredo
Sufocante, como quem o verbo temer conjuga

A angústia de quem nasce e morre no meio
De armas de escalpos, facas do silêncio e balas de sangue
Toca cada mãe que leva criança em morno seio
Sem saber de seu futuro: morte e vida em pálido exangue

Dia após dia, corpo após corpo tombado
Caindo como folhas de outono da árvore-favela
Sente-se o hálito negro da Morte que paira ao lado
E acende-se como lugar-comum a parca, breve vela
Lembrando a sina dos que não mais sentem, sofrem, calam

A chama, trêmula, reflete o olhar do pai que agoniza
Da mãe que lembra do filho o claro e caro sorriso
E sibila, vacilante, perante a crua marca da Sombra que visa
Tomar para si mais vítimas, sem qualquer lema ou aviso

Mas a chama da vela percebe, não teme e  brilha mais forte
Tal qual a Luz que nos protege, a mais fugidia esperança,
De que recaia sobre o morro qualquer olhar de bonança
E absolva, enfim, os inocentes da diária chacina
Que há em cada viela, em cada porta, em cada esquina.


 Minha contribuição para a Fábrica de Letras, cujo tema este mês foi Violência.


5 comentários:

  1. Mesmo no carnaval, a cidade pede paz...

    Fique com Deus, menina Ana Cristina Cattete.
    Um abraço.

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  2. Uma maneira tão poética e comovente de descrever uma realidade tão dura... É quase uma Ode! Muito bem! =)

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  3. Gostei muito do poema. Parabéns! Beijinhos.

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  4. Uma otima participação...
    A vida é tão bela. Não sei porque a violência faz parte da vida de algumas pessoas..
    O amor é tão especial e Puro..
    A Violência vem acompanhando o Mundo desde o seu principio. É uma pena que ainda existe, das mais diversas formas. Tudo é muito triste. O que nos resta é levantar a bandeira da Paz.. Proclamar por ela.
    A interação de amigos tbém entrou nesta..
    http://sandrarandrade7.blogspot.com/2011/03/coletiva-tema-violencia.html
    Não podemos permitir o seu alastramento. Temos sim é que ajudar a combater e cortar as raízes.
    Carinhosamente venho compartilhar contigo este texto.
    Precisamos sim nos unir em pensamento e passar todas as energias positivas e combatê-lo..
    Falar da vida é muito melhor..Do amor ainda Mais. A Paz então nem se fala..
    Sandra

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