sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

O esparrame das águas


A água rasga a terra
Penetrando nas frestas e encerra
O sonho, a praça, a ilusão
E destrói o trilhar, o caminho
Do homem e seu ganha pão

Carrega como lava que queima
A construção recém parida
(tijolo a tijolo criada)
A cama dos mil devaneios
(onde o amor fazia morada)

E sobe água, rente à gente
Que luta não só pela enxada
Pelo cão, armário ou pousada
Não só por foto ou comida:
É gente gritando por Vida

E leva homem, velho, criança
Todos entram na balança
Sem qualquer discriminação.
A Morte chegou mais cedo
Suspirando o terror na razão

Choram mãe, avô e pai
Chora a menina perdida
A água consigo carrega
Toda sorte de paz ou trégua
Da gente já tão sofrida
E tão cansada de guerra

Os olhos de quem só vê
E não vive drama alheio
Enchem-se da outra água
Aquela que da compaixão veio

A ajuda vem de quatro cantos
Um pouco que às vezes é tanto
Trazendo nas palmas a solidariedade
Para quem hoje só restou saudade

E debaixo da lama fria e escura
Formada por morte e dor
Renasça talvez a esperança:
A última e breve flor.

7 comentários:

  1. Ana, como foi triste tudo isso, vc escreve lindamente até o que não é bonito!!! Beijocas

    ResponderExcluir
  2. Nada como um poema pra ilustrar tais tragédias. É um caso triste, ainda bem que as palavras ajudam a escapar da dor.

    Saudades!

    ResponderExcluir
  3. Uma poetisa plena, não mais aspirante.
    Tem em seu coração a bondade e a compaixão.
    Humildemente se curva diante da dor dos semelhantes.
    Com tuas mãos, repousa uma flor sobre os escombros.
    Em silêncio, as tuas poesias muito me inspiram e enriquecem.
    Ana Poetisa, em teu jardim floresçam muitas poesias.
    Com todo carinho agradeço por partilhar tua inspiração.
    Armando.

    ResponderExcluir
  4. Ana,

    Linda homenagem aqueles que sofreram com a indiferença dos políticos.
    Bjs

    ResponderExcluir
  5. a lama bur-rocrata fez a lama da morte e espero que como no poema ainda há esperança

    ResponderExcluir
  6. Belo post...

    Belo blog...

    Parabéns muito bom seu espaço, voltarei aqui mais vezes...

    Convido vc a conhcer meu trabalho (poesia, música, teatro)

    Ficaria feliz demais!

    http://mailsonfurtado.com

    ResponderExcluir
  7. Muitos sofreram com a tragédia da Região Serrana (pelo menos vi isto)...

    Fique com Deus, menina Ana Cristina Cattate.
    Um abraço.

    ResponderExcluir

Deixe suas palavras aqui... (mas por favor, sem ctrl c ctrl v :D)

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

O esparrame das águas


A água rasga a terra
Penetrando nas frestas e encerra
O sonho, a praça, a ilusão
E destrói o trilhar, o caminho
Do homem e seu ganha pão

Carrega como lava que queima
A construção recém parida
(tijolo a tijolo criada)
A cama dos mil devaneios
(onde o amor fazia morada)

E sobe água, rente à gente
Que luta não só pela enxada
Pelo cão, armário ou pousada
Não só por foto ou comida:
É gente gritando por Vida

E leva homem, velho, criança
Todos entram na balança
Sem qualquer discriminação.
A Morte chegou mais cedo
Suspirando o terror na razão

Choram mãe, avô e pai
Chora a menina perdida
A água consigo carrega
Toda sorte de paz ou trégua
Da gente já tão sofrida
E tão cansada de guerra

Os olhos de quem só vê
E não vive drama alheio
Enchem-se da outra água
Aquela que da compaixão veio

A ajuda vem de quatro cantos
Um pouco que às vezes é tanto
Trazendo nas palmas a solidariedade
Para quem hoje só restou saudade

E debaixo da lama fria e escura
Formada por morte e dor
Renasça talvez a esperança:
A última e breve flor.

7 comentários:

  1. Ana, como foi triste tudo isso, vc escreve lindamente até o que não é bonito!!! Beijocas

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  2. Nada como um poema pra ilustrar tais tragédias. É um caso triste, ainda bem que as palavras ajudam a escapar da dor.

    Saudades!

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  3. Uma poetisa plena, não mais aspirante.
    Tem em seu coração a bondade e a compaixão.
    Humildemente se curva diante da dor dos semelhantes.
    Com tuas mãos, repousa uma flor sobre os escombros.
    Em silêncio, as tuas poesias muito me inspiram e enriquecem.
    Ana Poetisa, em teu jardim floresçam muitas poesias.
    Com todo carinho agradeço por partilhar tua inspiração.
    Armando.

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  4. Ana,

    Linda homenagem aqueles que sofreram com a indiferença dos políticos.
    Bjs

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  5. a lama bur-rocrata fez a lama da morte e espero que como no poema ainda há esperança

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  6. Belo post...

    Belo blog...

    Parabéns muito bom seu espaço, voltarei aqui mais vezes...

    Convido vc a conhcer meu trabalho (poesia, música, teatro)

    Ficaria feliz demais!

    http://mailsonfurtado.com

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  7. Muitos sofreram com a tragédia da Região Serrana (pelo menos vi isto)...

    Fique com Deus, menina Ana Cristina Cattate.
    Um abraço.

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