domingo, 31 de janeiro de 2010

O preço de tudo



Será que na vida tudo será cobrado o preço?
Emoção, gentileza, amor e mesmo gente?
Como ser da vida e da paz crente?
Como entender que a cada gesto, devemos recibo?
Nada de graça, tudo cobrado, troco bandido...
Reluto em pensar que a cada suspiro será devolvido um segredo 
Boa ação só por fácil retorno, ou por medo?

E se não houvesse tal tributo contundente?
As vezes tão injusto, contraproducente...
E se cada ato de bondade sutil ou eloqüente
Fosse a propósito de um nada somente?
O bem a troco de nada, quem sabe?
Muita gente há decerto achar estranho, em desvantagem
Mas eu, que acredito em anjos e miragens
Procuro nesta verdade acreditar:
Que há um Bem maior que nos move
Um Alguém que respira nossa bondade
Que nos faz brotar no coração
A justiça, a fé, a caridade.

E é Ele quem faz sem limite doar
É a mão que cobre o mendigo a dormitar
É o homem que ensina o outro a pescar
Ou aquele que acredita na esmola a dar.
É a mãe que cobre os filhos no tornado
É o porteiro que devolve o dinheiro encontrado
O político com boa intenção
O pai que escolhe o filho por adoção
O bombeiro que  salva do incêndio o pequeno cão
A mão estendida sem motivo ou senão.

E vôo longe na imaginação:
Um ato singelo de carinho entre dois é trocado
(coisa mais bela, um mimo, um achado)
Mas e o amar sem esperar ser amado?
E o calor que anseia e é desdenhado?
Muitos dirão: “Loucura sofrer sem ser notado”
E talvez tenham até um pouco de razão:
É que dói demais doar sem proporção.
Mas penso que até esse gesto pode ser valente
(ninguém sabe o que se passa na alma da gente)
E é um tal de procurar a questão..
É um tentar esquecer a solidão...
É preciso coragem, força no coração:
Pois o sol continua nascendo
Mesmo nos dias da alma morrendo
O mundo não pára, está sempre movendo

E o que sobra? 
Depois de amar sem receber seu retorno?
Respondo:
As cicatrizes (já amei sozinha, conheci tais raízes)
Delas me orgulho, fazem parte do que hoje sou
Sofri, aprendi e de pé ainda estou

E o preço cobrado?
Olha, amigo, foi mais que o imaginado:
O medo de amar, de qualquer semente
O tremor do que vem pela frente
O luar, as estrelas, nada entretem
O vazio que sobrou da presença do alguém.


Com o tempo, resta um pouco de incerteza
Recordação, saudade, de longe a vaga tristeza.
“Infeliz foi porque o quis” – dirá a voz da Razão
Mas mesmo o sinuoso amar sozinho
É a construção de um novo caminho
É conhecer profundamente a entrega
E é nisto que creio, na fé em pensar
Que o Amor por si só é o Eterno em cada um despertar.  






[foi só um desabafo, voltamos a programação normal :)]

5 comentários:

  1. Poetisa Ana

    Como é bom...numa tarde de domingo...encontra-las...nas palavras.

    ResponderExcluir
  2. Resgatar ao fim de tudo o amor que está dentro de ti independente das vivências.


    Um beijo

    ResponderExcluir
  3. simplesmente perfeito.
    É o que eu tento fazer: amar sem receber nada em troca, doar-se sem a esperança de ser recebido, envolver-me completamente com PESSOAS sem a intenção de obter nada em troca e o meu sálario: o amor que flui do meu coração!
    Gostei de mais, beeeeijos!

    ResponderExcluir
  4. Infelizemnte, Ana, não sabemos quando vamos amar e sermos amados, há mais desencontros nessa área que encontros, acredito eu.

    Mas o preço que se paga é sempre muito dolorido, muito sofrido, e em alguns casos ficam cicatrizes para sempre, que precisa um esforço para superar, seguir adiante, e no amor voltar a acreditar e aceitar.

    beijo, valeu o desabafo.

    ResponderExcluir
  5. Ana, é muito triste a vida cobrar um preço para tudo, eu me recuso a aceitar dessa forma, posso ser tb uma sonhadora ou achar que amar do jeito que eu acho que deve ser é uma utopia, mas acho que vou me manter nos sonhos e trazer a parte que consigo para a vida real, lindo desabafo, beijocas

    ResponderExcluir

Deixe suas palavras aqui... (mas por favor, sem ctrl c ctrl v :D)

domingo, 31 de janeiro de 2010

O preço de tudo



Será que na vida tudo será cobrado o preço?
Emoção, gentileza, amor e mesmo gente?
Como ser da vida e da paz crente?
Como entender que a cada gesto, devemos recibo?
Nada de graça, tudo cobrado, troco bandido...
Reluto em pensar que a cada suspiro será devolvido um segredo 
Boa ação só por fácil retorno, ou por medo?

E se não houvesse tal tributo contundente?
As vezes tão injusto, contraproducente...
E se cada ato de bondade sutil ou eloqüente
Fosse a propósito de um nada somente?
O bem a troco de nada, quem sabe?
Muita gente há decerto achar estranho, em desvantagem
Mas eu, que acredito em anjos e miragens
Procuro nesta verdade acreditar:
Que há um Bem maior que nos move
Um Alguém que respira nossa bondade
Que nos faz brotar no coração
A justiça, a fé, a caridade.

E é Ele quem faz sem limite doar
É a mão que cobre o mendigo a dormitar
É o homem que ensina o outro a pescar
Ou aquele que acredita na esmola a dar.
É a mãe que cobre os filhos no tornado
É o porteiro que devolve o dinheiro encontrado
O político com boa intenção
O pai que escolhe o filho por adoção
O bombeiro que  salva do incêndio o pequeno cão
A mão estendida sem motivo ou senão.

E vôo longe na imaginação:
Um ato singelo de carinho entre dois é trocado
(coisa mais bela, um mimo, um achado)
Mas e o amar sem esperar ser amado?
E o calor que anseia e é desdenhado?
Muitos dirão: “Loucura sofrer sem ser notado”
E talvez tenham até um pouco de razão:
É que dói demais doar sem proporção.
Mas penso que até esse gesto pode ser valente
(ninguém sabe o que se passa na alma da gente)
E é um tal de procurar a questão..
É um tentar esquecer a solidão...
É preciso coragem, força no coração:
Pois o sol continua nascendo
Mesmo nos dias da alma morrendo
O mundo não pára, está sempre movendo

E o que sobra? 
Depois de amar sem receber seu retorno?
Respondo:
As cicatrizes (já amei sozinha, conheci tais raízes)
Delas me orgulho, fazem parte do que hoje sou
Sofri, aprendi e de pé ainda estou

E o preço cobrado?
Olha, amigo, foi mais que o imaginado:
O medo de amar, de qualquer semente
O tremor do que vem pela frente
O luar, as estrelas, nada entretem
O vazio que sobrou da presença do alguém.


Com o tempo, resta um pouco de incerteza
Recordação, saudade, de longe a vaga tristeza.
“Infeliz foi porque o quis” – dirá a voz da Razão
Mas mesmo o sinuoso amar sozinho
É a construção de um novo caminho
É conhecer profundamente a entrega
E é nisto que creio, na fé em pensar
Que o Amor por si só é o Eterno em cada um despertar.  






[foi só um desabafo, voltamos a programação normal :)]

5 comentários:

  1. Poetisa Ana

    Como é bom...numa tarde de domingo...encontra-las...nas palavras.

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  2. Resgatar ao fim de tudo o amor que está dentro de ti independente das vivências.


    Um beijo

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  3. simplesmente perfeito.
    É o que eu tento fazer: amar sem receber nada em troca, doar-se sem a esperança de ser recebido, envolver-me completamente com PESSOAS sem a intenção de obter nada em troca e o meu sálario: o amor que flui do meu coração!
    Gostei de mais, beeeeijos!

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  4. Infelizemnte, Ana, não sabemos quando vamos amar e sermos amados, há mais desencontros nessa área que encontros, acredito eu.

    Mas o preço que se paga é sempre muito dolorido, muito sofrido, e em alguns casos ficam cicatrizes para sempre, que precisa um esforço para superar, seguir adiante, e no amor voltar a acreditar e aceitar.

    beijo, valeu o desabafo.

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  5. Ana, é muito triste a vida cobrar um preço para tudo, eu me recuso a aceitar dessa forma, posso ser tb uma sonhadora ou achar que amar do jeito que eu acho que deve ser é uma utopia, mas acho que vou me manter nos sonhos e trazer a parte que consigo para a vida real, lindo desabafo, beijocas

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