sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

O cravo, a rosa e a violeta


A rosa morena tão bela
Que se mirava pela janela
De início era só um botão
Tímido, concha fechada
Dócil, no jardim pousada

Cercada de outras flores
A rosa, vivia só
Até encontrar o cravo
Que de tanta ternura teve dó
Dela se enamorou
E a seu lado ficou

A rosa, conforme o tempo
Abriu-se como leque vermelho
E num frenesi quase sem tento
Sem pedidos ou conselhos
Tomou corpo de rainha
E, iludida, perdeu a candura
Que era sua maior doçura

E vista assim, tão viçosa
Tornou-se do jardim a mais prosa
Esqueceu-se de outras tão belas
Que cresceram junto dela
Desvencilhou-se do cravo
Seu amante devotado
E voltou-se para si mesma
Contentando-se com a certeza
De que bastava a beleza

Veio então a maldade
A vilania, a falsidade
Querendo mostrar à  rosa
Que mesmo sendo viçosa
Pode-se ter humildade...

O triste cravo apaixonado
Sentindo-se desonrado
Partiu para longe da amada
Murchando, calando a raiz
E aquietou-se, infeliz

Um dia, a frágil violeta
A mais humilde das flores
Tomou-se de mil amores
Pelo cravo, enternecida...
Sem prenúncio ou aviso
Nada foi tão certo ou preciso
Como o encontro dos dois
A violeta e o cravo

Com o passar do tempo, a rosa
Soube da aliança prosa
Quis dar cabo do belo momento:
De vermelha, vinho ficou
O ódio se alavancou
Nunca se viu no jardim
Uma flor tão bela assim
Querendo a destruição
Do sentimento surgido
Entre dois seres queridos
Por todos que os cercavam

Mas vejam só a ironia
Do velho e manhoso destino:
De tanto veneno instilado
De tanto rancor celebrado
Suas pétalas caíram ao chão
Ela que era botão
Hoje é caule desfolhado
Apenas um galho seco esquecido
Num jardim todo florido.

5 comentários:

  1. Minha querida.
    Belo poema...adorei.
    Que encontres o teu cravo.
    Beijinhos
    Sonhadora

    ResponderExcluir
  2. E aí humildemente lembrei dos tempos da escola... "O cravo brigou com a rosa..."

    Lindo!

    Beijo

    ResponderExcluir
  3. Linda, qta simplicidade! Ameiii! Você como sempre arrasa!!!!!!!
    bjss
    Miii

    ResponderExcluir
  4. Muito bem descrito, ótimo conto que leva a grande realidade de terminar-se por si mesmo!

    Abraço..

    Rafael

    ResponderExcluir
  5. Ô fia, pois é! A vida cantada nos versos, isso, é o cotidiano de muitos (as), faça fé! kkkkk

    O ouro esse poema, há de se reflitir sobre ele!

    bjs
    O Sibarita

    ResponderExcluir

Deixe suas palavras aqui... (mas por favor, sem ctrl c ctrl v :D)

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

O cravo, a rosa e a violeta


A rosa morena tão bela
Que se mirava pela janela
De início era só um botão
Tímido, concha fechada
Dócil, no jardim pousada

Cercada de outras flores
A rosa, vivia só
Até encontrar o cravo
Que de tanta ternura teve dó
Dela se enamorou
E a seu lado ficou

A rosa, conforme o tempo
Abriu-se como leque vermelho
E num frenesi quase sem tento
Sem pedidos ou conselhos
Tomou corpo de rainha
E, iludida, perdeu a candura
Que era sua maior doçura

E vista assim, tão viçosa
Tornou-se do jardim a mais prosa
Esqueceu-se de outras tão belas
Que cresceram junto dela
Desvencilhou-se do cravo
Seu amante devotado
E voltou-se para si mesma
Contentando-se com a certeza
De que bastava a beleza

Veio então a maldade
A vilania, a falsidade
Querendo mostrar à  rosa
Que mesmo sendo viçosa
Pode-se ter humildade...

O triste cravo apaixonado
Sentindo-se desonrado
Partiu para longe da amada
Murchando, calando a raiz
E aquietou-se, infeliz

Um dia, a frágil violeta
A mais humilde das flores
Tomou-se de mil amores
Pelo cravo, enternecida...
Sem prenúncio ou aviso
Nada foi tão certo ou preciso
Como o encontro dos dois
A violeta e o cravo

Com o passar do tempo, a rosa
Soube da aliança prosa
Quis dar cabo do belo momento:
De vermelha, vinho ficou
O ódio se alavancou
Nunca se viu no jardim
Uma flor tão bela assim
Querendo a destruição
Do sentimento surgido
Entre dois seres queridos
Por todos que os cercavam

Mas vejam só a ironia
Do velho e manhoso destino:
De tanto veneno instilado
De tanto rancor celebrado
Suas pétalas caíram ao chão
Ela que era botão
Hoje é caule desfolhado
Apenas um galho seco esquecido
Num jardim todo florido.

5 comentários:

  1. Minha querida.
    Belo poema...adorei.
    Que encontres o teu cravo.
    Beijinhos
    Sonhadora

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  2. E aí humildemente lembrei dos tempos da escola... "O cravo brigou com a rosa..."

    Lindo!

    Beijo

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  3. Linda, qta simplicidade! Ameiii! Você como sempre arrasa!!!!!!!
    bjss
    Miii

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  4. Muito bem descrito, ótimo conto que leva a grande realidade de terminar-se por si mesmo!

    Abraço..

    Rafael

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  5. Ô fia, pois é! A vida cantada nos versos, isso, é o cotidiano de muitos (as), faça fé! kkkkk

    O ouro esse poema, há de se reflitir sobre ele!

    bjs
    O Sibarita

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