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sábado, 19 de junho de 2010
Sobre o Ensaio Sobre a Cegueira
"Estou cego" - bradou um alguém.
Um a um, dois a dois
A cada dia chegando
Com a força dos olhos faltando
A confusão de corpos sem nomes
Mergulhados em treva infame:
A cegueira não poupou o homem.
Segregados pela diferença
Discriminados, da incerteza reféns
Isolados tal qual parte de vil crença
De quem nem conhece doença
Ou a cura que dela provém.
Mergulhados na clara escuridão da alma
Aos poucos o espírito revela
Que, como os passos vacilantes,
A lucidez em momento discrepante
Mostra que a falta de pão garante
O rompimento entre homem e fera:
Onde um começa e a outra termina?
Quem o vil destino a ganhar determina?
Tateia-se com as mãos o assombro
A garantia de ser dono de si
Lutando face a face, ombro a ombro
(como ratos engaiolados no porão)
Pela posse, luxúria e ganância.
E o egoísmo a transformar o varão.
Vem a guerra sem trégua
Pela sobrevivência sem dignidade
Que sobrepujou a humana vontade
A solidão chega galopante
A fome subsidia a loucura
A loucura fomenta o ódio
O ódio traz praga e morte
E o esquecimento da Sorte
Que é ser pleno e irmão:
A ânsia pelo poder
Condena o fraco a sofrer.
A esperança se esvai com o fato
De que o que unificaria os homens
Pela mesma ética condição
É o que mata e tolhe da alma a visão:
A cegueira moral.
O homem tal qual animal.
Caos. Ou Destino.
“Se pode olhar, veja. Se pode ver, repara”. (José Saramago)
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sábado, 19 de junho de 2010
Sobre o Ensaio Sobre a Cegueira
"Estou cego" - bradou um alguém.
Um a um, dois a dois
A cada dia chegando
Com a força dos olhos faltando
A confusão de corpos sem nomes
Mergulhados em treva infame:
A cegueira não poupou o homem.
Segregados pela diferença
Discriminados, da incerteza reféns
Isolados tal qual parte de vil crença
De quem nem conhece doença
Ou a cura que dela provém.
Mergulhados na clara escuridão da alma
Aos poucos o espírito revela
Que, como os passos vacilantes,
A lucidez em momento discrepante
Mostra que a falta de pão garante
O rompimento entre homem e fera:
Onde um começa e a outra termina?
Quem o vil destino a ganhar determina?
Tateia-se com as mãos o assombro
A garantia de ser dono de si
Lutando face a face, ombro a ombro
(como ratos engaiolados no porão)
Pela posse, luxúria e ganância.
E o egoísmo a transformar o varão.
Vem a guerra sem trégua
Pela sobrevivência sem dignidade
Que sobrepujou a humana vontade
A solidão chega galopante
A fome subsidia a loucura
A loucura fomenta o ódio
O ódio traz praga e morte
E o esquecimento da Sorte
Que é ser pleno e irmão:
A ânsia pelo poder
Condena o fraco a sofrer.
A esperança se esvai com o fato
De que o que unificaria os homens
Pela mesma ética condição
É o que mata e tolhe da alma a visão:
A cegueira moral.
O homem tal qual animal.
Caos. Ou Destino.
“Se pode olhar, veja. Se pode ver, repara”. (José Saramago)
17 comentários:
Oi Ana
ResponderExcluir
Vim deixar um abraço apertado de agradecimento pelo apoio e força num dos momentos mais difíceis.
Obrigada do fundo do coração.Estou melhorando,ainda não passou, mas vai passar.
Afinal como vc disse... "O mundo é um lugar maravilhoso pr se morar"
Milhões de beijos
Milhões de beijos
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Lindo e saber REPARAR o que temos chance de ver é uma lição...beijos,lindo domingo,chica
ResponderExcluirQuerida, bela homenagem!
ResponderExcluirEstava com muita saudade da sua poesia!
Beijos.
Muito bom mesmo, e... você é linda.
ResponderExcluirBeijo.
lindo!
ResponderExcluiradorei aqui ;D
beiijo,
*.*
Oi Ana!! que saudades suas!!! Vc viu as novas fotos da Vida, nem parece mais aquela doentinha que chegou aqui há 4meses!! Você sempre nos encanta com sua sensibilidade!! Beijos
ResponderExcluirLindíssimo poema, fico feliz de saber que está de volta! Esse livro e esse filme me marcaram muito!
ResponderExcluirQue bom ver vc voltando, adoro ler teus poemas sempre lindos!
ResponderExcluirMinha querida
ResponderExcluirBela homenagem.
estava cheia de saudades.
deixo beijinhos
Sonhadora
Poetisa Ana
ResponderExcluirUns partem, outros ausentam, e alguns voltam.
José Saramago partiu deixando tesouros, vc ausentou e voltou trazendo...também tesouros.
Nosso cotidiano( em metáfora) é uma assombrosa cegueira, nosso poeta das verdades cruas...tinha razão.
Um grande abraço
Olhar e ver são dois verbos iguais conjugados de forma diferente, mas é no reparar que está a grande diferença.
ResponderExcluirBonita homenagem.
Beijinho :)
Um gênio, né?
ResponderExcluirCoisa de quem consegue ver e muito bem.
Beijo,
Nara
Obrigado pela visita, pelos elogios e por não machucar meus sentimentos!
ResponderExcluirBelissíma homenagem!!
ResponderExcluirBelissímo poema!!
Ana querida...
ResponderExcluirO filme é lindo...
Vim deseja uma ótima tarde!
bjs
Oi Ana
ResponderExcluirVim deixar um abraço apertado de agradecimento pelo apoio e força num dos momentos mais difíceis.
Obrigada do fundo do coração.Estou melhorando,ainda não passou, mas vai passar.
Afinal como vc disse... "O mundo é um lugar maravilhoso pr se morar"
Milhões de beijos
Milhões de beijos
...
ResponderExcluirMaravilha.
Bjs.
...
Sabe, bonito o post, sendo que o cão guia é o único animal que é permitido em lugares que não permite animais...
ResponderExcluirMas treva maior é aquela que mora no coração frio.
Fique com Deus, menina Ana Cristina.
Um abraço.