Poeme-se com ricas rimas
Com metáforas subjacentes
Com desígnios contundentes
E suas lisuras incongruentes
Poeme-se
Com a eloquicidade que desafia
Com o soltar da voz, com a pena que desfia
Tirando do peito o peso, o medo
Que na palavra consegue esquecer
Poeme-se sem qualidade
Escreva em fluxo solto
Escreva como num arroubo
Como um trem descarrilhado
Um palhaço descabelado
Uma foto desfocada
Ou pintura destemperada
O escrever liberta a alma
Expira o anseio do que não veio
Rouba o desassossego tirano
Desfaz o mito, o rito, o desengano:
É o contra ponto do mundano
Larga as rimas, as métricas
Todas as fúteis dialéticas
Esquece o verso perfeito
Liberte as duras garras do tempo
Solta letras contra o Vento
Expele teu sangue pelos dedos
Escrevendo com carne e cerne
Arde o papel, se busque e governe:
Poeme-se